CUMPLICIDADE - acrílico sobre tela (40x40cm) - 2011
Sou da sarjeta
Vim da sarjeta
Onde tudo é lixo
Onde tudo é mau cheiro
Onde tudo está impregnado do nada
Do nada que leva o Homem à sarjeta
Que o destrói, desumaniza, fere.
No meio do nada encontro o Homem
Olho-o, observo-o e vejo
Vejo que ele e eu somos iguais:
Ratos nojentos de quem se foge
Seres reservados ao feio
Ao horror das ruas conspurcadas
Pelo nojo, pelo desprezo, pelo vómito
Dos que se achando grandiosos
Nos reservam o lado negro da vida.
Mas nós, olhos nos olhos,
Vimos, sentimos que somos iguais
Que juntos podemos encontrar o caminho
O caminho para o fim da sarjeta
Porque a cumplicidade une
É forte, sábia, benevolente
E vai-nos levar a outro destino
Fora da sarjeta
Longe da sarjeta
Daquela onde vivemos
E à qual não voltaremos
Porque juntos conseguiremos ser fortes
Fortes, tão fortes
Que nada, nem ninguém nos separará.
Texto e pintura de Maria João - 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
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