No carro me arrumo
No carro me transformo
No carro me deformo e conformo
com os dias sempre iguais
para cima e para baixo
para a frente e para trás
e às vezes para cima
daqueles e daquilo
de que não me desvio
de que não me apercebo
e marco com a desventura
de quem no carro se mete
e se atreve a dele se servir
como arma de arremesso
contra as desventuras e tédios da vida
sempre igual... sempre igual...
texto e pintura de Maria João Gaspar